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Vão ser 5,3 os milhões de euros de fundos comunitários que estarão disponíveis para 10 universidades portuguesas com projetos de incentivo ao uso da Bicicleta. A medida irá arrancar em finais do mês de Março e calcula-se que beneficiará os alunos que iniciem o ano letivo em Setembro.

Segundo explica o professor universitário José Carlos Mota, da coordenação da Plataforma Tecnológica da Bicicleta da Universidade de Aveiro, 2 a 3 mil pessoas ( entre alunos, professores, funcionários ligados à comunidade escolar) usufruirão deste programa: serão distribuídas cerca de 3 mil bicicletas (40 % elétricas, cada uma no valor de 1500 euros) por semestre. Cada universidade definirá os critérios de atribuição, tendo em conta fatores de distância ou de justiça social.

Até chegarem os fundos, a Universidade de Aveiro já tem ativadas estratégias de incentivo ao uso deste meio de transporte. Nomeadamente a oferta de um pequeno-almoço saudável e de um duche aos alunos que cheguem de bicicleta à universidade. De entre o universo dos 14 mil estudantes de Aveiro, cerca de 70 já aderiram a este conceito e recebem um cartão que lhes dá direito à refeição gratuita. «Trata-se de um exemplo de iniciativas de baixo custo que podem ajudar a criar novos hábitos. São necessários estímulos para que se experimente e se afugente os receios».

A criação de ciclovias não tem bastado para mudar os usos locais. Um dos grandes problemas são os roubos, continua o professor, daí que parte do financiamento comunitário sirva também para infraestruturas de estacionamentos seguros. A região de Aveiro tem uma utilização de bicicletas oito vezes superior à média nacional ( apenas 0,5% das pessoas deslocam-se de bicicleta no país). No concelho da Murtosa, por exemplo, a média é equivalente à dos países nórdicos (20 por cento).

Claro que a geografia plana ajuda, mas não explica tudo: «Em Amesterdão chove durante 2/3 do ano, em Aveiro em apenas 1/3 do ano». Há vários fatores que contribuem para que a bicicleta seja posta de lado em Portugal: as cidades estão organizadas de forma diferente, os automobilistas não estão habituados a respeitar os ciclistas e cá andar de carro ainda está associado a estatuto social, aventa o professor. «Mas não podemos diabolizar quem se desloca de automóvel. Não é só comodismo, às vezes as pessoas não têm mesmo alternativa, há filhos para levar à escola, várias deslocações que têm de ser feitas por dia, para ir ás compras, para levar crianças a atividades várias e dispersas, uma série de urgências a que se tem de acudir nos nossos quotidianos. Para além disso, existem ainda muitos roubos e pouca segurança rodoviária para os ciclistas…».

«Não se trata apenas de um benefício ambiental, de saúde e de diminuição da despesa em combustível», recorda José Carlos Mota. É, afirma, também uma questão económica e de capitalizar a nossa indústria. Pouca gente sabe, mas Portugal é o terceiro maior produtor de bicicletas, e seus componentes, da Europa e a maior parte vai para exportação e é comercializada, entre outras grandes superfícies, pela Decathlon. São, por exemplo, «made in Portugal» as bicicletas do sistema de bike sharing que funciona atualmente em Paris.